Relação entre mídia e democracia foi tema de debate no Fórum Social Temático

[Título original: Mídia e democracia no FSM Bahia]

A relação entre mídia e democracia foi tema de debate no Fórum Social Temático da Bahia, na sexta, 29. Na mesa do encontro estavam Mário Lubetkin, jornalista do Inter Press Service News Agency (IPS), Bernard Cassen, do Le Monde Diplomatique, Luiza Erundina, deputada federal (PSB-SP), Robinson Almeida, secretário de Comunicação (BA), Albino Rubim, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Renato Rovai, da Revista Fórum.
 
De acordo com Rubim, o tema essencial nos dias de hoje é que a mídia tem o poder de dar visibilidade ou de silenciar algo. “A mídia constroi existência pública e interpreta a realidade. Por isso, numa sociedade democrática, onde há pluralidade de interpretações da realidade, é fundamental que a mídia seja plural”, entende.
 
Até pela falta de uma mídia plural, para a deputada Erundina, “não há democracia plena no Brasil. Temos uma democracia limitada, negociada, expressão do poder econômico”. Segundo ela, os parlamentares não têm interesse em debater uma legislação que democratize as comunicações, porque boa parte deles tem concessões. “A sociedade tem que se mobilizar para forçar o Congresso. É uma luta política”, sustenta a deputada, lembrando que o Código Brasileiro das Telecomunicações, de 1962, precisa ser revisto.
 
Para Erundina foi a luta da sociedade civil que fez com que ocorresse o primeiro passo no caminho da democratização da mídia, com a Conferência de Comunicação (Confecom), realizada em dezembro de 2009. A Confecom aprovou uma série de propostas, e, agora, a luta deve continuar para que elas se transformem em leis e se tornem realidade.
 
“O movimento por dentro da estrutura do Estado é insuficiente e tem que ser combinado com a militância”, afirma Robinson Almeida, da Secretaria de Comunicação do governo do estado da Bahia. Ele também considerou a Confecom um passo inicial vencido e acredita que as novas tecnologias, especialmente a internet, oferecem possibilidades para a democratização.
 
Se por um lado a internet tem o potencial de desconcentrar a informação, disputar o espaço com grandes conglomerados midiáticos não é tão simples. Blogues, sites, rádios comunitárias, agências independentes e outras iniciativas de mídia encontram dificuldades para garantir sua sobrevivência. O debate abordou como garantir sustentabilidade dos veículos que não tratam a informação como mercadoria.
 
Bernad Cassen, ex-diretor do Diplô, considera que a informação tem um custo. “Tem-se a impressão de que ela é grátis por conta da internet, mas o bom jornalismo custa dinheiro, tem um preço”, disse. Neste ponto houve polêmica. Renato Rovai, da Revista Fórum, considera que a informação no âmbito das mídias livres não é tratada como mercadoria e que a “outra comunicação que pretendemos precisa começar a pensar em se organizar em uma outra lógica, num outro modelo econômico, por exemplo, incorporando valores da economia solidária e social”.
 
Para Mario Lubetkin, o peso da mensagem da chamada “grande mídia” já não tem tanta capacidade de penetração na opinião pública, em grande parte pela internet. “A tecnologia é parte da batalha ideológica, senão o instrumento”.

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