Secretário do Ministério da Cultura fala em democratização das concessões de TV

Durante o 1° Encontro Internacional da Diversidade Cultural, em Salvador, Bahia, o Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC), Américo Córdula, declarou que o controle da mídia no país concentra-se nas mãos de "cinco famílias" e essas não colaboram na divulgação da cultura local.

O Secretário demonstrou preocupação com a política de concessões de TVs e declarou que este é um "problema para o qual o governo ainda não encontrou caminhos".

Em entrevista ao portal Terra, Córdula defendeu o estabelecimento de cotas para exibição de produções nacionais em TV e rechaçou a acusação de que isso acabaria por mercantilizar a cultura, conforme reivindicação de alguns movimentos. "A cota é uma forma de regulação, de mostrar nossa produção (…), e deixamos em aberto, ninguém se preocupa em mostrar", explicou.

Ele observou também que esforços para produção cultural não surtem efeito se os meios de comunicação não aderirem às campanhas de divulgação. Na avaliação do secretário, a expansão e valorização da cultura ocorre por meio de um trabalho conjunto. "Temos que trabalhar junto, estamos trabalhando na proteção das diversidades culturais, mas a gente não tem o canal de divulgação da cultura. Não se trata de reserva, mas de abrir espaços para poder distribuir nossos conteúdos".

Indagado pela reportagem se não seria uma contradição o Brasil estabelecer cotas para jogos eletrônicos e produções enquanto luta por abertura para vender os seus produtos em outros mercados, Córdula ressaltou que nada está definido em relação às restrições mercadológicas. Ele informou, ainda, que o estabelecimento de cotas é estudado desde a gestão de Gilberto Gil, mas que a pressão das famílias que controlam os meios de comunicação fez o movimento perder força. "As cinco famílias que controlam a mídia conseguiram derrubar isso com seus lobbys", disse.

Sobre concessões, o Secretário avaliou que o esquema deve ser alterado para que produções regionais sejam levadas ao grande público. Com isso, ainda segundo Córdula, seria criado um repertório cultural mais vasto, contrariando a exibição conhecida de "mais do mesmo".

Para que o conteúdo seja então diversificado, o Secretário sugere uma divisão de poder de controle dos meios de comunicação. "Acho que se você colocar a mídia na mão de cinco, tá errado também. Você deixa de fora uma produção enorme. Mas também não podemos ficar à mercê dos grupos porque isso não funciona", declarou ao Terra.

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