Regulamentação das lan houses pode dar novo impulso à inclusão digital

Transformar as lan houses na quarta onda da inclusão digital. Um movimento lento, gradativo e cheio de obstáculos nesse sentido começa a fermentar no governo federal. Suas bases foram lançadas pela Fundação Padre Anchieta durante a Campus Party Brasil 2009. E atende pelo nome de Conexão Cultura. Uma iniciativa que, a partir de março, cederá conteúdos qualificados – cursos profissionalizantes, serviços governamentais, conteúdo de apoio escolar -,vários deles produzidos pela TV Cultura, principalmente na área de entretenimento.

Por trás da ideia, além de Paulo Markun, presidente da Fundação, Cláudio Prado, coordenador do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital e autor, na gestão Gilberto Gil no Ministério da Cultura, do projeto Pontos de Cultura. Prado vê as lan houses como potenciais pontos de cultura digital. Mas, para isso, é preciso que deixem de ser mero comércio de conexão e se transformem em fornecedores de serviços digitais para as comunidades onde atuam.

Caminho complicado, que precisa contar com o apoio dos governos municipal, estadual e federal para virar realidade.

De acordo com a Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (ABCID), o Brasil possui cerca de 90 mil lan houses. Apenas 17% são formais, devidamente legalizadas. A imensa maioria (83%) vive na informalidade, à mercê da atuação das mais diversas forças sociais, boas e más; das tentativas de cartelização do custo do acesso; do alto custo das licenças de software, que leva à pirataria e entraves aos processos de legalização de suas atividades; e por aí vai…

Na prática, já hoje as lan houses cumprem o papel de centros de inclusão digital. Em 2007, o acesso à internet a partir delas ultrapassou o acesso doméstico: 49% contra 40%, segundo o Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Ainda segundo o Comitê Gestor, mais de 49% dos 17 mil brasileiros ouvidos no último censo sobre uso da grande rede no país tiveram seu primeiro contato com a internet em centros públicos de acesso como as lan houses. Esse número é ainda maior quando se mede o acesso por extratos sociais. As lan houses são usadas por 78% dos entrevistados que ganham até R$ 380. A maioria, em busca de informações e serviços online. E não em jogos, como crê o senso comum.

A posposta de Markun e Cláudio Prado parece já ter sido bem assimilada pelo governo federal. "A lan house tem a capacidade de ampliar as possibilidades de inclusão digital. Precisamos trabalhar esse aspecto de entretenimento e difusão cultural”, disse Nelson Fujimoto,assessor especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República, presente aos debates sobre o tema realizados sexta-feira passada, na Campus Party.

Resta saber o que farão os governos estaduais e municipais.

0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *