TV digital: cadê a prometida fábrica japonesa de semicondutores?

A escolha do padrão japonês para a TV digital brasileira – que faz sua estréia dia 2 de dezembro, em São Paulo – foi assunto dos mais discutidos por técnicos das mais variadas tendências, sobretudo porque esse padrão somente é usado no Japão e mais dois países asiáticos. Americanos e europeus bem que tentaram argumentar em favor de seus sistemas, em vão. Os japoneses acabaram escolhidos apenas por uma razão: a contrapartida. Eles se comprometiam, com o devido registro no memorando de entendimento assinado pelos dois governos, a construir, no Brasil, uma fábrica de semicondutores, o que significaria um enorme salto tecnológico para o País. O tempo passou e o Brasil já está apto a transmissões digitais, o que significa que fez sua parte. Mas, segundo uma bem informada fonte, ao que parece, a tal fábrica não será construída. 'Nunca mais se falou nela', ironiza.

Alguém do governo brasileiro cobrou o governo japonês? Em recente visita ao Brasil, justamente para divulgar o modelo nipônico, o ministro para assuntos internos de Comunicações do Japão, Yoshihide Suga, segundo a mesma fonte, foi cobrado. Mas tergiversou, limitando-se a dizer que o sucesso da parceria criou um clima propício à entrada de novos investimentos do seu país no Brasil, que estavam estancados desde a década de 1970.

Aliás, não é apenas a fábrica prometida pelos japoneses que não figura em um futuro visível. Ao justificar a escolha do padrão japonês de TV digital, o ministro Hélio Costa disse, entre outras, que ele proporcionaria maior interatividade, maior mobilidade, com recepção direta de TV em celulares, por exemplo. Hoje, o próprio ministro já admite que essa interatividade e a recepção móvel virá sim, mas não agora.

Num balanço informal, feito por funcionários do governo brasileiro, constatou-se que a única coisa acertada no tal memorando que foi cumprida até agora foi a incorporação, ao avançado modelo japonês, de algumas ferramentas desenvolvidas por universidades brasileiras, o que, atestam os técnicos, melhorou o sistema, adaptando-o às necessidades brasileiras.

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