Inclusão digital na educação brasileira como forma de justiça social

A recente revolução provocada pela informática produziu ferramentas muito valiosas para a ampliação dos fluxos de informação e, com isso, para a universalização do conhecimento. De instrumento virtual, a Internet passou a ser instrumento concreto de acesso à Cultura. Apesar disto, a não universalização do acesso ao produto desta revolução ameaça com o surgimento de assimetrias de informação contrárias à Democracia, pois reprodutoras de exclusão em uma era informacional.

Se as inovações nos meios de transporte à época da Primeira Revolução Industrial produziram o encurtamento das distâncias, então, é imperativo que se reconheça na Informática o potencial para dilatação do tempo. Complexos cálculos matemáticos ao alcance de uma simples seqüência de botões. Assim, tem-se acesso, de forma rápida e a baixo custo, a conhecimento cujas principais características são a universalidade e generalidade. Isto porque pesquisar em meio virtual é dialogar em diferentes épocas, com uma infinidade de interlocutores, nas mais diversas línguas. Logo, é canal para conhecimento disponível igualmente a todos, dentro das mais variadas áreas de interesse.

Vive-se hoje em dia no que se convencionou chamar de era informacional. Neste meio, informação é um ativo de grande valia, movendo mercados e mobilizando consciências. Quem mais rapidamente concentra informações diminui seus custos de transação, isto é, ganha vantagem competitiva, evitando problemas causados pelas assimetrias de que nos falam economistas como Ronald Coase. Em sociedade como esta, apenas a democratização do acesso rápido a informação permite igualdade de condições para o desenvolvimento.

É tendo isto em vista que surge como uma ameaça à Democracia a desigualdade percebida no país entre os homens no que se refere ao acesso a estas novas ferramentas que buscam ampliar os fluxos comunicativos. Ao mesmo tempo em que a possibilidade de acesso a esta informação apresenta potencial emancipatório, a exclusão desta possibilidade mostra-se como forma de dominação. Nos dizeres de Christiano German, professor de Ciência Política na Universidade de Eichstätt, na Alemanha, a clássica divisão entre detentores de capital e trabalhadores, deu lugar a uma nova divisão social entre ricos em informação e pobres em informação. Neste sentido, o tema da inclusão digital apresenta-se como notável questão de inclusão social.

Ademais, a valorização da Educação como meio adequado para a cidadania em um contexto democrático é conseqüência da necessidade objetiva de um povo de dar a todos condições de desenvolverem suas potencialidades. Nesta perspectiva, não há lugar para a exclusão de alguns do poder distribuído pela revolução desencadeada pela Informática. Pelo contrário, é essencial que o acesso aos canais gerados seja universalizado, de forma a evitar o aumento da distância entre os socialmente inseridos e aqueles que vivem às margens da sociedade.

Desta feita, é inegável o fato de que a Informática trouxe inestimáveis possibilidades de aumento dos fluxos de informação, permitindo a redução dos custos de transação e maximizando as possibilidades de conhecimento da humanidade. Por outro lado, não se pode perder de vista a necessidade de se universalizar o acesso a estes novos mecanismos, donde se destaca a Internet, como maneira de assegurar entre os homens a igualdade de condições necessária ao exercício da Democracia. Não é possível haver hoje no Brasil, portanto, inclusão social por meio da Educação, quando desligada da idéia de inclusão digital.

* Luis Felipe Vidal Arellano é acadêmico do curso de Direito na Universidade de São Paulo – FDUSP, vencedor do Prêmio Interactus de Jornalismo no ano de 2004, com publicações em revistas e outros periódicos.

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