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Quem ameaça a liberdade de imprensa

A II Conferência Legislativa sobre a Liberdade de Imprensa, promovida pela Unesco, Associação Nacional de Jornais (ANJ) e pela Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira (8/5), deu a oportunidade de saber, mais uma vez, que para a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a ANJ, a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e seus associados da grande mídia o Brasil tem vivido e continuará a viver, pelo menos nos próximos quatro anos, sob a ameaça permanente do autoritarismo e do dirigismo do Estado no que se refere à liberdade de imprensa (ver "Manifesto pela Liberdade de Expressão"). 

Não bastam o "estado democrático de direito", as garantias constitucionais, as declarações quase diárias das principais autoridades públicas de reafirmação da liberdade de imprensa. Não basta o exercício pleno dessa liberdade e o rigoroso cumprimento das normas e dos procedimentos legais nos casos de conflito de interesses que não logram ser resolvidos pela negociação direta. Até mesmo as decisões judiciais são consideradas como "censura prévia". E mais: mesmo projetos de lei que foram apresentados por parlamentares democraticamente eleitos e tramitam regularmente no Congresso Nacional são considerados "preocupantes". 

Editoriais de grandes jornais e revistas expressaram essa "preocupação" nos últimos dias. O diário O Globo ("Acenos positivos", 10/5), por exemplo, afirma que "a incerteza continua" em relação à manutenção da liberdade de imprensa. Primeiro, porque o Poder Público não acredita nos mecanismos de auto-regulação do setor de comunicação e publicidade, e, segundo, pela portaria da Classificação Indicativa para os programas de televisão que é "ação indiscutível de censura prévia" (sic). 

Quinto poder 

Para o observador, eventos, declarações e posicionamentos como esses tem um sentido pedagógico inegável. E mesmo sendo repetitivo, é importante chamar a atenção para a estratégia permanente dos principais atores que desde sempre dominam a comunicação no Brasil. 

Liberdade de imprensa não é a mesma coisa que liberdade de expressão ou liberdade de informar e de ser informado. Um direito individual – a liberdade de expressão – não pode ser, sem mais, equacionado com o direito de "indústrias de comunicação" cada vez maiores e mais capazes de controlar o que as pessoas escutam, ouvem e lêem. Não há qualquer simetria entre o seu, leitor, direito de expressão e a liberdade de imprensa dos integrantes da Abert, da ANJ ou da Aner. 

Desde que as instituições de mídia se transformaram, no mundo moderno, em grandes grupos empresarias e constituíram um setor em expansão chamado de "economia da cultura", além de poderosos atores econômicos elas são também poderosos atores políticos capazes, por exemplo, de exercer enorme influência na determinação das agendas públicas. Esses grupos empresariais de mídia têm, claro, interesses privados a defender e a preservar.  

Dessa forma, a ameaça à liberdade de imprensa que historicamente partia somente do Estado – porque absoluto ou autoritário e não-democrático – já há algum tempo parte também dos interesses que esses grupos de mídia têm a defender e que acabam por contaminar sua autonomia e independência editorial. É por isso que se fala na "privatização da censura". E é por isso que o conceito da imprensa como quarto poder – representante e fiscalizador do interesse público – está sendo substituído pelo novo conceito de um quinto poder, agora fundado na cidadania e necessário para fiscalizar inclusive o poder da própria grande mídia. 

Direito fundamental 

O que sempre falta nas reiteradas manifestações de "desconfiança" do empresariado privado de mídia em relação ao Estado democrático de direito e a sua ameaça à liberdade de expressão é a reafirmação de que a mídia é, por excelência, um serviço público. Além disso, a radiodifusão é uma concessão pública, outorgada pela União em nome do público e que deveria, portanto, nortear sua ação tendo em vista o interesse público e não o interesse privado. 

O que falta, finalmente, é reafirmar que a comunicação é um direito fundamental de todo cidadão, longe, muito longe de se transformar em realidade neste Brasil onde, historicamente, uns poucos grupos controlam o que deveria ser controlado democraticamente por todos: a liberdade de expressão.

 


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Classificação e Publicidade: em defesa da lei da selva na terra de ninguém

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa – www.observatoriodaimprensa.com.br

 

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Os norte-americanos criaram os neo-cons, neo-conservadores, turma da pesada cujo símbolo é o dedo no gatilho – primeiro atiram e depois perguntam quem vem lá.   

No Brasil, terra dos pudores e manhas, é difícil achar quem queira assumir-se integralmente como neo-lib, neoliberal. Preferem o uniforme "libertário", sem se incomodar em parecer os antigos anarquistas que combatiam qualquer ação reguladora do Estado.  

Estes libero-anarquistas detestam normas, limites e ordenações, prostrados aos pés do Deus do Mercado e de sua cônjuge, a Deusa Livre Iniciativa. Usam o crachá de democratas, mas desprezam solenemente o bem-comum, o interesse público, a comunidade e a sociedade.  

Esse é o mix ideológico do estranhíssimo lobby que reúne os adversários da classificação indicativa da programação de TV e da regulamentação da publicidade de cervejas na mídia eletrônica. O denominador comum é o rancor contra qualquer tipo de regulamentação. Em nome de uma liberdade imprecisa e indefinida, advogam a lei da selva.  

Compromissos esquecidos  

A classificação indicativa da programação da TV, assim como o controle sobre a publicidade de bebidas alcoólicas, está prevista de forma explícita e insofismável em diversas passagens dos artigos 220 e 221 da Constituição: 

** "Compete à lei federal regular as diversões e espetáculos públicos, informar sobre a sua natureza e as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada (art. 220, parágrafo 3º, inciso I).  

** "Compete à lei federal estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente." (art. 220, parágrafo 3º, inciso II). 

** "A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais nos termos do inciso II do parágrafo anterior e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso." (art. 220, parágrafo 4º). 

O citado artigo 221 prevê no seu inciso IV que a produção e programação das emissoras de rádio e TV devem respeitar "os valores éticos e sociais da pessoa e da família". 

O legislador-constituinte não foi casuísta, foi preciso. Excepcionalmente claro e objetivo. Não deixou qualquer contradição entre a letra e o espírito da lei como muitas vezes acontece. Preocupado com o uso indevido das concessões de rádio e TV – e com as confusões costumeiras entre o público e privado – amarrou muito bem a regulamentação sobre a programação e sobre a difusão de publicidade nociva à saúde. O interesse comercial não pode impor-se ao interesse social, sobretudo numa esfera claramente pública (o espectro da radiodifusão). 

Os juristas contratados pelas cervejeiras, empresas de radiodifusão e de propaganda desta vez precisarão suar as suas camisas de seda para encontrar aquelas famosas brechas ou imprecisões que convertem nossas leis num emaranhado de lapsos. Estranha muito que o Conar, geralmente apontado como paradigma de auto-regulamentação, no caso dos comerciais de cerveja esqueça os seus compromissos com a saúde pública, seduzido pelas fabulosas verbas de publicidade das cervejeiras. 

Celebridade instantânea 

O governo Lula não inventou coisa alguma em matéria de classificação indicativa. Deu seqüência ao trabalho de José Gregori ao tempo em que ainda era Secretário de Direitos Humanos do governo FHC, ao igualar a baixaria televisiva a um atentado aos direitos humanos.  

Agora os neo-libs nativos, a pretexto de fidelidade libertária, passam ao largo dos compromissos com a preservação dos valores humanos e morais indispensáveis à democracia. 

Os ministérios da Justiça e da Saúde e a presidência da República estão certos ao exigir uma regulamentação nessas duas frentes. O único erro foi a proposta de vedar às celebridades a participação em comerciais de cerveja. Aqui houve intenção de discriminar: a celebridade não tem culpa de ser célebre. Na sociedade do espetáculo em que vivemos a fabricação da fama é instantânea – ou quase. Em apenas 15 minutos qualquer pagodeiro desconhecido pode converter-se num celebrado Zeca Pagodinho. 

Obra coletiva 

Estão errados os neolibertários, liberalóides e falsos democratas ao impedir que a sociedade brasileira produza os antídotos necessários à defesa da saúde e à formação das crianças e adolescentes. 

Nos EUA, pátria do liberalismo e da resistência às regulamentações, a classificação etária para a exibição de filmes em cinemas ou teatros tem mais de meio século. Algumas decisões são eventualmente contestadas, mas ninguém ousaria opor-se à idéia de eliminar os limites. As redes abertas de TV também adotam princípios rígidos para compatibilizar sua grade com horários e faixas etárias.  

O processo civilizador, como obra coletiva, impõe normas. Pretender uma civilização do tipo vale-tudo leva fatalmente a um intransponível beco sem saída.

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O novo papel de Jô Soares: o pitbull da Globo

Há cerca de 20 anos, Jô Soares inaugurou na TV aberta brasileira um gênero televisivo clássico nos Estados Unidos: o programa de entrevista do entrevistador showman. Um cenário com fotos da cidade grande, uma mesa com canecas, um sofá descolado onde se acomodam celebridades, políticos em ascensão ou pessoas comuns alçadas por alguma razão à categoria do curioso. Todas ali para, durante 10 ou 15 minutos, servirem de mote às piadas preparadas do entrevistador. O gênero fez sucesso e, durante certo tempo, ser um entrevistado do Jô era sinônimo de status e é certo que houve momentos em que o comediante levou mais a sério a função de entrevistador do que a de showman.

Na última quarta-feira, Jô Soares inaugurou um novo estilo de programa: o programa de entrevistas do entrevistador pitbull.Pode-se dizer que, desde que voltou à sua velha casa, a Rede Globo, o cômico-intelectual exacerbou o lado entretenimento de seu programa. Seu espaço no início da madrugada tornou-se mais uma peça da esperta estratégia da emissora de usar mais da metade do seu tempo de programação para a meta-propaganda.

O episódio da última quarta, entretanto, foi além. Em estilo besta-fera (pincelado de estranho senso de humor), Jô Soares tornou-se porta-voz dos interesses das Organizações Globo na disputa que esta trava com o Ministério da Justiça pela modificação da legislação que estabelece a Classificação Indicativa de Obras Audiovisuais.Especificamente, dedicou dois blocos de seu programa a entrevistar o ator Guilherme Weber (contratado da casa) e o diretor Felipe Hirsch.

O trabalho que ambos realizam no teatro, a peça “A Educação Sentimental do Vampiro”, valeria o convite. Baseada na obra de Dalton Trevisan, está sendo apresentada em um projeto de popularização do teatro, bancado pelo Sesi-SP. O tema da peça (os personagens do sub-mundo urbano), a obra de Trevisan, as iniciativas de formar público para teatro, tudo isso poderia pautar a conversa de Jô com Weber e Hirsch.

Mas a escolha para começar a conversa foi a adição da frase “Esta peça é recomendada para maiores de 16 anos por conter cenas de violência e nudez total” à gravação que antecede o espetáculo – e que dá também as indicações de segurança. Esta é uma das maneiras previstas na regulamentação da classificação indicativa para explicitar a recomendação feita pelo grupo de classificadores.A piada poderia ficar apenas no muxoxo de Weber sobre o “clima” quebrado pelas palmas e risos do público diante do anúncio de que alguém tirará a roupa no palco. E a quebra do clima seria uma piada-reclamação que poderia ser estendida ao anúncio de que os extintores estão do lado de fora da sala.

Porém, para o novo maior pitbull da TV brasileira, esta passagem transformou-se em deixa para uma seqüência de comentários que, ora disfarçados por tentativas de ser gracioso, ora ditos em tom de reprovação indignada, tornaram-se o mais direto, elaborado e vil ataque das Organizações Globo à nova regulamentação da Classificação Indicativa.

O argumento de que indicar a idade apropriada para uma criança ou adolescente entrar em contato com determinados conteúdos (como sexo, violência e uso de drogas) em obras artísticas no teatro, cinema e TV, segundo critérios públicos, é o mesmo que censurar – ou seja, proibir arbitrariamente que determinado conteúdo circule socialmente – é o mantra das emissoras de TV desde que a Portaria 264/07 entrou em vigor. Na entrevista, foi também o mantra do pitbull.

“Isso se aproxima muito perigosamente da censura”, repetiu algumas vezes, desde a abertura do programa, quando ele deveria apresentar os entrevistados, mas preferiu dar o nome do ator e do diretor, apenas, e dizer que bateria um papo com eles sobre a “assustadora” classificação indicativa. Tentando colocar a Constituição – “que foi tão mudada que a gente não entende mais nada” – embaixo do seu braço, disse que a medida vai contra a liberdade de expressão. E, no embalo, afirmou que o Estado não pode assumir a função da educação das crianças, que cabe aos pais.

É preciso dizer ao grande cômico que a Constituição não serve apenas aos interesses de poucos, mas equilibra os direitos de muitos. Por esta razão, ela prevê tanto o direito à liberdade de expressão quanto o das crianças e adolescentes crescerem e serem educados em ambientes propícios ao desenvolvimento sócio-psicológico saudável. E que, por esta razão, é preciso legislar para que um direito não se sobreponha ao outro, e é esta a função cumprida exemplarmente pela Portaria 264.

É preciso, ainda, lembrar que a Educação é tarefa compartilhada constitucionalmente pela família e pelo Estado. A ação de um complementa a do outro, e este é um princípio respeitado na sua integridade pela Classificação Indicativa, que não proíbe a veiculação de conteúdos, mas se solidariza com os pais no trabalho de escolher o que seus filhos e filhas podem ou devem assistir.

Mas a entrevista não se limitou à repetição dos argumentos de sempre. Fazendo uso de suas habilidades de comediante, Jô Soares leu trechos da portaria. Com voz satírica, citou que alguns critérios usados na classificação referem-se à nudez (se parcial ou total), às características das cenas de sexo e o tipo de arma usada nas cenas de violência. Mais sátiro ainda, perguntou: “Se eu matar com um machado, não pode, mas se for com um martelinho, pode?”.

Provavelmente, também não. Só que a tentativa do representante do “esquadrão de elite pela liberdade das empresas de comunicação” de ridicularizar os critérios da classificação perde a graça quando se lembra que o conteúdo da nova regulamentação é de fato criterioso porque reflete uma discussão ampla e longa, cujo resultado foi democraticamente acertado, inclusive com os mandantes da grande mídia.

Ora, mas para quê perder a piada, não é mesmo? Para quê lembrar este detalhe sério quando o que vale é colocar todo o seu talento para ser engraçadinho a serviço da defesa dos direitos daqueles que são, neste país, os únicos a terem seus direitos respeitados – ainda que na base da intimidação feita durante 24 horas, em mensagens enviadas pelo espectro público eletromagnético?

O título de piada sem graça, no entanto, fica para a comparação da Classificação Indicativa ao nazismo. Segundo Jô Soares, a idéia de que os selos de indicação tenham cores diferentes para cada uma das faixas etárias (10, 14, 16 e 18 anos) lembra a prática nazista de estigmatizar os presos nos campos de concentração também por cores. “Não era lá nos campos de concentração que cada um tinha um emblema com cor diferente? Judeus, presos de guerra, presos políticos…”, comentou o jocoso senhor.

Houve, ainda, uma piada grosseira sobre o fato de o selo da classificação “apropriado para maiores de 18 anos” ter de ser apresentado na cor preta. “Quer dizer que quem tem menos de 18 anos não pode ter acesso a conteúdos pretos, negros? E além disso, parece até racismo.” Racismo de quem? A esta altura, já não era possível vislumbrar qualquer sentido no que falava o pitbull global, babando a sua raiva – ou a de seus chefes.

Hirsch e Weber, por terem se prestado ao papel de coadjuvantes, ou co-ajudantes, na cena de violência anti-democrática de Jô Soares, ganharam o privilégio de um bloco a mais de entrevista. Desta vez, o tema foi – finalmente! – a bela peça que encenam. A chamada para um próximo bloco por tema tão “comum” quanto uma peça, porém, só ressalta o triste papel assumido pelos dois (se Weber ainda fosse o galã da novela das oito, talvez, quem sabe, não seria tão estranho…). Assim como marca, em definitivo, a estratégia deliberada – de Jô? de sua produção? daqueles que mandam em Jô e na sua produção? – em não abrir o espaço para o contraditório.

Os outros 15 minutos com o ator e o diretor poderiam ser 15 minutos com algumas das pessoas-chave no processo de discussão da Portaria 264. Porém, na noção distorcida de democracia e liberdade que constrói a Globo, minuto a minuto nos espaços jornalísticos, nos de entretenimento ou quase-entretenimento e na propaganda corporativa, não cabe quem não defende o direito de a dona da mídia fazer o que queira a despeito do direito alheio. A despeito do direito do povo brasileiro exercer o controle do que circula pelo ar dos brasileiros. A despeito do direito de crianças e adolescentes não serem violentados pelo desejo empresarial de vender quinquilharias.

Por outro lado, há espaço para todos que queiram ou sujeitem-se a vociferar as verdades globais. Há espaço, inclusive, para Jô Soares.

Active Image publicação autorizada, desde que citada a fonte original.

A hora da TV pública: o contraponto necessário à hegemonia comercial

Exposição apresentada por Laurindo Lalo Leal Filho (foto) na mesa do debate sobre a " Missão das TVs Públicas e perspectivas para o trabalho integrado" no I Fórum Nacional de TVs Públicas, realizado em Brasília, em maio de 2007.

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Antes de mais nada é preciso constatar que há um espaço vazio no espectro eletromagnético brasileiro. Aquele que deveria ter sido ocupado por uma rede pública de televisão e nunca foi. Trataremos aqui desse deserto e das possibilidades concretas de verdejá-lo num futuro próximo.

Pesquisadores franceses ordenam a história da televisão européia em três etapas sucessivas e articuladas, segundo padrões institucionais: o serviço público original em situação monopolista, a televisão comercial aberta ainda dominante e a televisão paga em fase de desenvolvimento.

Esse percurso, se aplicado ao Brasil, teria em comum apenas a sua parte intermediária: a hegemonia da TV comercial. As iniciativas em torno da implantação de um serviço público e a oferta de televisão por assinatura podem ser consideradas marginais, diante da desproporção da abrangência de acesso existente entre elas e o sistema dominante.

Como resultado, a ausência de uma televisão pública forte no Brasil impediu a formação de um público mais crítico em relação à TV comercial, resultado da absoluta falta de modelos alternativos. Também impossibilitou a criação de uma massa crítica capaz de exigir da televisão, no mínimo, o respeito aos preceitos constitucionais que determinam a prestação de serviços de informação, cultura e entretenimento.

No Brasil, ao contrário do que ocorreu na Europa, as tímidas iniciativas para implantar serviços públicos de radiodifusão foram sempre subordinadas ao modelo comercial, atuando de forma complementar a ele. Ou seja, ocuparam os espaços que não atraiam os interesses da iniciativa privada.

Por isso a história da radiodifusão pública no Brasil é minguada. Em quase 57 anos de televisão é possível destacar apenas cinco momentos significativos. São eles: a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923; a implantação da Fundação Padre Anchieta em São Paulo, em 1969; a promulgação da Constituição da República, em 1988, com a idéia da complementaridade entre os modelos público, privado e estatal de radiodifusão; a aprovação da lei número 8.977, conhecida como Lei do Cabo, em 1995, geradora das TVs de acesso público e agora, de forma quase concomitante, o lançamento pelo Ministério da Cultura do 1º. Fórum Nacional de TVs Públicas e a decisão do governo federal de impulsionar a criação de uma rede pública nacional de televisão.

Se outro mérito não tiver este Fórum, um está garantido. A TV Pública entrou na pauta do debate nacional. Há dez anos, quando conclui meus estudos sobre o modelo britânico de televisão, falar sobre ele aqui no Brasil exigia um grande sacrifício. O sentimento era de estar tratando de um fenômeno surrealista, tal a distância entre a nossa realidade e o modelo desenvolvido na Europa desde os anos 1920, nos primórdios do rádio. Em pouco tempo – o que são dez anos ? – o quadro mudou e estamos aqui tratando seriamente da TV Pública.

Com definições claras, como aquela apresentada pelo Secretário Orlando Senna e publicada no primeiro caderno deste Fórum. Vale a pena lembrá-la e comentá-la. Ele define a TV Pública como "uma janela de acesso estratégico para o contato da população com a mais vasta gama de bens e serviços culturais, constituindo um canal privilegiado para a valorização e a universalização do patrimônio simbólico nacional. A rede de emissoras públicas é uma opção de grande potencial como veículo difusor da produção audiovisual oriunda dos distintos agentes culturais da sociedade, assegurando a expressão de nossa rica diversidade cultural e a prática da democracia."

Essa citação contempla três questões chaves, ainda pouco desenvolvidas, a respeito do papel da TV Pública na sociedade. São elas: a socialização da produção de bens simbólicos produzidos no país, o formato de transmissão em rede e a relação TV Pública-democracia.

A primeira diz respeito a hegemonia do modelo comercial, regido por índices de audiência – mera sanção do mercado, no dizer do sociólogo francês Pierre Bourdieu – que impede o acesso à televisão de bens culturais não transformados em mercadoria. A sociedade vê-se, dessa forma, privada de conhecer e reconhecer a sua própria produção simbólica. Não cabe aqui detalhar os prejuízos decorrentes dessa prática, mas eles podem ser intuídos. Vão desde a fragilização da identidade nacional à inibição do surgimento de novas anifestações culturais e artísticas, vítimas da falta de reconhecimento público.

A segunda questão levantada pela definição de TV Pública aqui citada é que pela primeira vez, na democracia brasileira, lê-se num documento oficial a expressão "rede de emissoras públicas", fenômeno desconhecido no país, como já vimos. Ainda que o texto não avance no assunto, não deixa de ser significativo que tal empreendimento deixe de ser visto como fruto de iniciativas isoladas e venha a se congregar numa rede de emissoras, única forma capaz de dar sentido efetivamente nacional à TV Pública.

E quanto à circunstância da rede pública assegurar a prática da democracia, trata-se de algo auto-evidente. O histórico do modelo de televisão de mercado oferecido à sociedade brasileira estabeleceu uma forma de pensamento uniformizado, reprodutor das idéias dominantes e disseminadas a partir dos centros do capitalismo global.

Individualismo, consumismo, enfraquecimento do papel do Estado, tornaram-se matrizes ideológicas da produção televisiva. A elas, no modelo hegemônico, não cabem alternativas. A saída, respeitado o jogo democrático, é a TV Pública. Cabe a ela, no dizer de Jay Blumler, professor emérito da Universidade de Leeds, desenvolver uma "ética da abrangência", ou seja, procurar atender às expectativas de todo o tipo de público existente no raio de sua atuação.

Para exemplificar essa idéia, o pesquisador britânico – ele foi diretor do Centro de Pesquisas de Televisão daquela universidade – contrapõe o modelo de televisão pública existente na Europa ao dos Estados Unidos. Diz ele que este último pode ser definido como "uma ilha de bem-estar num mar de comercialismo". Nos Estados Unidos – prossegue – seriados como Dallas são exclusivos da televisão comercial, enquanto recitais de ópera têm como veículo a televisão pública.

O modelo europeu, por sua vez, procura "abranger" os dois públicos, daí a idéia da ética da abrangência. Algo próximo do conceito de uma televisão generalista, fundamental para atender diferentes gostos e necessidades simbólicas.

Lendo documentos produzidos em diferentes televisões européias nota-se que seus fundadores as conceberam como instrumentos responsáveis por sustentar e renovar as características culturais básicas da sociedade, capazes de oferecer aos atores, músicos, escritores, teatrólogos e intelectuais de modo geral a oportunidade de disseminarem de forma ampla seu trabalho criativo. E de possibilitar aos ouvintes e telespectadores a oportunidade de acesso ao produto desses talentos.

O primeiro diretor-geral da BBC, o escocês John Reith, dizia que o objetivo do rádio era de "levar para dentro do maior número possível de lares tudo o que de melhor existe em cada parte do esforço e realização humana". Cerca de 50 anos depois, nos anos 1980, outro diretor da BBC, Alsdair Milne, afirma que o "o serviço público de rádio e televisão deve tornar o popular respeitável e o que é respeitável popular". Um belo desafio para os nossos produtores.

Mas vale a pena mencionar outras preocupações dessas emissoras. Elas têm em comum a obrigação de "despertar o público para idéias e gostos culturais menos familiares, ampliando mentes e horizontes, e talvez desafiando suposições existentes acerca da vida, da moralidade e da sociedade. A televisão pode, também, elevar a qualidade de vida do telespectador, em vez de puxá-lo para dentro do rotineiro". São idéias que estão até hoje integradas em programas considerados, internacionalmente, de alta qualidade "concebidos como forma de capacitar o telespectador para uma enriquecedora experiência de vida", no dizer do professor Blumer.

E não estamos falando de programas elitistas ou maçantes, como alguns detratores da televisão pública gostam de rotulá-los. Prova disso são os índices de audiência. Em vários países da Europa, passada a maré privatista dos anos 1980, as televisões públicas seguem dividindo ao meio as audiências. É sempre bom lembrar que para as emissoras públicas a audiência não pode ser obsessão – como se dá com as emissoras comerciais – mas também não pode ser desprezada, afinal trata-se do uso de dinheiro público que, em qualquer circunstância, deve ser bem aplicado.

Mas apenas para ilustrar, eis alguns números de audiência na Europa.

ALEMANHA: Canais Públicos (40,5%), Canais Privados Nacionais (41,5%), Outros – cabo, satélite, locais, etc. (18%)

ESPANHA: Públicos (30,5%), Privados (43%), Outros (26,5%) (1)

FRANÇA: Públicos (41,5%), Privados (47,5%), Outros (11%)

ITÁLIA: Públicos (45%), Privados (44%), Outros (11%)

REINO UNIDO: Públicos (46%) (2), Privados (30%), Outros (24%)

PAÍSES BAIXOS*: Públicos (36%), Privados (41,5%), Outros (22,5%)

PORTUGAL*: Públicos (26,5%), Privados (63%), Outros (10,5%)

* Para esses países o ano de referência é 2002
(1) dos quais 18% através dos canais "autonômicos" das principais
províncias, transmitidos de modo terrestre.
(2) dos quais 10% pelo Channel 4

Os dados são de 2003 e foram publicados no livro “La Tèlèvision”, de Régine Chaniac e Jean Pierre Jézéquel, em 2005.

Claro que para chegar a esses índices é indispensável uma boa e permanente fonte de recursos. Mas não só. No caso de uma TV Pública é fundamental também a sua independência em relação a interesses particularistas, sejam eles políticos, comerciais, religiosos.

Vinculando-se a qualquer um deles, a TV Pública perde não só a sua autonomia, mas também sua identidade e o que é pior, a sua
credibilidade. Em outro texto, publicado no segundo caderno deste Fórum trato desses assuntos. Não cabe aprofundá-los agora.

Cabe, isto sim, ressaltar a importância desses fatores para a questão central, deles decorrente: o conteúdo da programação. Afinal é ela a ponta final de todo o processo, aquilo que efetivamente chega à casa do elespectador.

Financiamento consistente e controle democrático são pressupostos básicos para a garantia de um conteúdo de qualidade. Conteúdo que, entre outras coisas dê, por exemplo, um amplo espaço aos criadores brasileiros, espalhados por todo o país, e impedidos pelo oligopólio de mostrar o que fazem.

Abrir para a experimentação e a criatividade deve ser a missão central da televisão pública, dando conta da diversidade cultural do país. Fugindo do monopólio estabelecido pelo eixo Rio-São Paulo, como fazem as emissoras comerciais.

Mas vamos a algumas hipóteses mais concretas de programação, deixando de lado, ainda que brevemente, as generalidades. Poderia ser definida, por exemplo, uma faixa de programas musicais para as 20hs, de segunda à sexta. A cada dia da semana esse horário seria preenchido por uma emissora pública de qualquer estado, capaz de produzir um musical de qualidade. Seria a grande oportunidade do brasileiro, finalmente, conhecer o que se faz em outros pontos do seu próprio país.

Outra hipótese seria a da rede tendo como missão dar ao público um cinema de bom nível, nacional e estrangeiro, exibido sem intervalos. Algo que alguns canais a cabo já fazem para poucos privilegiados (menos de 10% da população brasileira). Para não falar da necessidade de uma programação infantil sedutora, com conteúdo educativo, mas sem loiras, prêmios ou merchandisings. E um jornalismo crítico e independente, capaz de oferecer ao telespectador informações que o habilitem a tomar, ele próprio, suas decisões. O dono da verdade deve ser o público e não a emissora.

Com isso estaria sendo dada oportunidade ao público de experimentar e de se acostumar com o “biscoito fino”, no dizer de Oswald de Andrade. Sem conhecer o que é bom fica difícil exigir o melhor. O resultado de uma programação desse tipo seria não só de dar
diretamente ao público o melhor da arte, da cultura e da informação existentes no país, mas também o de levar a televisão comercial a rever seus padrões.

A TV pública cumprirá dessa forma um duplo papel positivo: oferecer ao seu telespectador uma programação de qualidade e, ao mesmo tempo, provocar mudanças para melhor na televisão comercial. Situações como essa justificam, sem muito esforço, os investimentos necessários para criar e manter uma rede pública de televisão, capaz de servir de referência de qualidade para todo o país.

Tentei traçar algumas das características do que considero um "tipo ideal" de TV Pública, apropriando-me sem muito pudor do instrumental teórico weberiano. Claro que algumas delas, aqui apresentadas, não se concretizarão. Outras, não mencionadas, farão parte do modelo. Isso não importa muito. O que realmente conta é a possibilidade, concreta que o país tem, desta vez, de por fim ao apartheid televisivo existente desde quando a televisão por assinatura chegou por aqui. A televisão pública começará a cumprir sua missão quando se tornar a televisão paga dos que não podem pagar por ela. E eles são apenas cerca 160 milhões de brasileiros, nossos conterrâneos.

Fenaj e sindicato de SP desqualificam jornalista assassinado

Não bastasse o fato de ter sido assassinado em circunstâncias associadas às suas reportagens contra abusos sexuais de políticos de Porto Ferreira (SP), que culminaram na condenação em primeira instância de 10 acusados em 2004, o jornalista Luiz Cesar Barbom Filho, agora, mesmo estando morto, está sendo perseguido pela Fenaj e pelo Sindicato de Jornalistas de São Paulo.

Justamente no momento em que jornalistas brasileiros e entidades como a Abraji unem seus esforços para manter a atenção da opinião pública sobre o caso, conseguindo o apoio rápido de outras entidades nacionais, como a OAB, e também internacionais, como a SIP e o CPJ, a Fenaj e o sindicato paulista preferiram desqualificar Barbom como jornalista em uma nota oficial conjunta divulgada ontem (segunda-feira, 07/05). Vejam os termos dessa manifestação: “Luiz Carlos Barbom Filho, apesar de se auto-intitular jornalista, não o era de fato e de direito. O jornal Realidade , de sua propriedade, foi fechado pois nunca esteve regularizado e Barbom Filho não possuía o registro de jornalista, tendo sido, inclusive, processado por exercício ilegal da profissão. No entanto, esses fatos não justificam nenhum ato de violência contra sua pessoa e tampouco desabonam as denúncias que eventualmente tenha feito contra desmandos de autoridades ou grupos”.  Este deveria ser um momento de união de esforços. Mas, não. Essas duas entidades sindicais preferem erguer suas bandeiras sectárias e propalar o ranço de sua visão cartorial do que é jornalismo exatamente no momento em que é necessário o apoio de jornalistas e de veículos de comunicação de vários países.

Não foi à toa que o documento 'Attacks on the Press — 2001', do CPJ, relacionou aabsurda forma de regulamentação profissional da profissão de jornalista vigente no Brasil ao lado dos processos, prisões, assassinatos e outras agressões à liberdade de imprensa.

Ao ler a nota conjunta das duas entidades sindicais, a impressão que dá é que seus autores devem ter cabulado aulas em seu curso de jornalismo. Parecem que não conseguiram até hoje entender que a imprensa tem justamente a função de “watchdog” diante da omissão do poder público naquilo que é de sua competência. Vejam outro trecho dessa manifestação infeliz: “Para a realização plena dessas condições básicas de liberdade, os jornalistas têm um papel fundamental a cumprir. Isso é óbvio. Mas é doentio pensar que todo cidadão, para poder exercer esses direitos, deva se arvorar à condição de jornalista”. O que os autores dessa nota não conseguem entenderé que — exceto no Brasil, na África do Sul, Arábia Saudita, Síria, Equador, Ucrânia, Tunísia, Congo, Croácia, costa do Marfim e outros poucos países — a liberdade de expressão entendida também como liberdade de informar, e não apenas a liberdade de opinião, deve ser desembaraçada de exigências que impeçam qualquer cidadão de exercê-la plenamente.

Vale lembrar o que dizem Bill Kovach e Tom Rosenstiel em “Os Elementos do Jornalismo”: “A pergunta que as pessoas deviam fazer não é por que alguém se diz jornalista. O ponto importante é se esse alguém está defato fazendo jornalismo. Será o trabalho o respeito aos princípios da verdade, à lealdade aos cidadãos e à comunidade de modo geral, a informação no lugar da manipulação — conceitos que fazem o jornalismo diferentes das outras formas de comunicação? A implicação importante disso tudoé esta: o significado de liberdade de expressão e de liberdade de imprensa é que eles pertencem a todos. Mas comunicação e jornalismo não são termos mutáveis. Qualquer um pode ser jornalista, mas nem todos o são. O fator decisivo não é que tenham um passe para entrar e sair dos lugares; oimportante está na natureza do trabalho”. (Bill KOVACH & Tom ROSENSTIEL – Os Elementos do Jornalismo: O que os jornalistas devem saber e o que o público deve exigir” (Tradução de Wladir Dupont). São Paulo: Geração Editorial, 2003, página 151.

Nessa mesma linha, o professor do Instituto Francês de Imprensa, da Universidade de Paris II, Claude-Jean Bertrand, em 'A Deontologia das Mídias', de 1997, afirma: “A excepcionalidade de que goza o jornalismo, dentre as instituições democráticas, consiste em que seu poder não repousa num contrato social, numa delegação do povo por eleição ou por nomeação com diploma ou por voto de uma lei impondo normas. Para manter seu prestígio, e sua independência, a mídia precisa compenetrar-se de sua responsabilidade primordial: servir bem à população”. [Claude-Jean BERTRAND – A Deontologia das Mídias (Tradução de Maria Leonor Loureiro). Bauru: Editora da Universidade do Sagrado Coração, 1999, págs. 22-23.] .

Daria para mostrar ao autores dessa espúria nota oficial dezenas de ensinamentos de consagrados pesquisadores e mestres do jornalismo, mas seria perda de tempo, pois a ética deles em relação ao debate de idéias é a da evasão, sempre sob o argumento de que tudo isso só serve para defender os “interesses dos patrões”.

Mas, para aqueles que vêm claramente o desvio de finalidade que assola nosso sindicalismo, fica a pergunta: por que o jornal Realidade , de Luiz Carlos Barbom Filho, foi fechado justamente no final de 2004? Por que isso ocorreu nesse ano, em que, por causa de suas reportagens, foram condenados os seis vereadores, três empresários e um funcionário público municipal a penas que variam entre 4 e 45 anos de reclusão por corrupção de menores, favorecimento da prostituição e formação de quadrilha ou bando?

Não foram acusações sem fundamento. Apenas dez dos oito condenados foram absolvidos em segunda instância, em outubro de 2005. Poucas das penas aplicadas foram reduzidas, e outras, de até 45 anos de prisão, foram mantidas.

Por que, em vez de perseguirem jornalistas como Luiz Carlos Barbom Filho, essas duas entidades sindicais, que dispõem de departamento jurídico e infra-estrutura administrativa, não denunciam a prática descarada de publicação de matérias pagas por parte de centenas de jornalecos vagabundos que existem no Estado de São Paulo? Só porque quase todos eles têm a chancela de um 'jornalista responsável' que aluga seu MTb? “Doentio”, em vez do que afirma essa nota oficial repugnante, é o corporativismo que pisa cegamentesobre o preceito ético profissional de estar sempre ao lado do interesse público. “Doentio”, na verdade, é o desrespeito ao preceito jornalístico de jamais frustrar o debate de idéias. “Doentio” é o limitado horizonte da visão de mundo predominante em nosso sindiclismo, que ignora o que éo jornalismo fora do ridículo círculo das regulamentações profissionais nos países apontados acima.

“Doentio”, portanto, é o desvio deontológico que revela outras prioridades neste momento em que deveria prevalecer a união de esforços para esclarecer o assassinato de Luiz Carlos Barbom Filho. A nota oficial da Fenaj e do sindicato de São Paulo merece repúdio.

* Texto originalmente publicado no blog Laudas Críticas