Em nota sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a necessidade de diploma para o exercício do jornalismo, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) disse esperar que o Congresso Nacional restabeleça "um jornalismo feito com competência técnica, alto sentido cultural e ético".
A entidade mais antiga a lutar pela liberdade de imprensa no Brasil discorda do argumento usado pelo Supremo de que o decreto que regulamenta a profissão foi feito durante a ditadura para evitar que intelectuais de esquerda entrassem nos jornais.
A ABI lembrou que desde o primeiro Congresso Brasileiro de Jornalistas, em 1918, a entidade defende formação de nível universitário para o exercício profissional.
Conquista de classe
"Essa foi uma conquista da classe que durava 40 anos, e não um entulho autoritário", disse o presidente da Federação Nacional de Jornalista, (Fenaj), Sergio Murillo.
Para ele, pior que a decisão foi o conteúdo do voto, em que os ministros do Supremo demonstraram desconhecimento sobre a profissão, e citaram exemplos como Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, confundindo a crônica publicada em jornais com o exercício da profissão.
"Não tem nada de literário em subir morros para fazer reportagens sobre o tráfico, ou frequentar delegacias atrás de notícias", contra-argumenta o presidente da Fenaj.
Deputado contrário
São raros os parlamentares contrários ao diploma, mas o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) considera que a decisão do STF deveria ser estendida a outras profissões.
Ele é autor de vários projetos para retirar a exigência do exame da Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da advocacia. Para ele, não é salutar essa reserva de mercado para quem tem diplomas.
O parlamentar cita o exemplo da Polícia Militar do Distrito Federal, que está exigindo nível superior para o cargo de soldado, o que ele considera um erro. "Diploma não é garantia de emprego, se você fez uma boa faculdade, vai conseguir uma vaga, mas não precisa dessa exigência", disse.
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