O governo venezuelano recuou ontem da decisão de cobrar das TVs privadas pela retransmissão de imagens geradas pela estatal VTV. O anúncio da medida, na terça-feira, contrariou o presidente Hugo Chávez, levando o ministro das Comunicações, Andrés Izarra, a colocar seu cargo à disposição.
Em breve comunicado, a VTV afirma que o recuo foi uma decisão do Ministério das Comunicações e exortou os "demais meios de comunicação a fazerem um uso responsável e dentro da lei do sinal matriz de todos os venezuelanos".
A medida, criticada pelos canais oposicionistas Globovisión e RCTV, estabelecia a cobrança de R$ 335 mil por hora de imagens da VTV retransmitidas por emissoras privadas. A única exceção ficava por conta de atos oficiais com Chávez, desde que usados só em programas de notícias.
Até ontem à tarde, não estava confirmada a permanência no governo de Izarra, tido como próximo de Chávez.
O recuo ocorre em meio a rumores de que o canal chavista Telesur gravou, em território venezuelano, o vídeo exibido pela emissora no domingo em que o secretário das Farc Timolión Jiménez confirma a morte do fundador da guerrilha, Manuel Marulanda.
A suspeita é alimentada por detalhes da gravação, como o uso de três câmaras, a ausência de outros guerrilheiros e as semelhanças entre o uniforme de Jiménez e o da Guarda Nacional venezuelana.
Tanto a Telesur quanto o ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, negaram o envolvimento da Venezuela no comunicado. Na versão oficial, as Farc enviaram a fita pronta.
Chávez só rompeu o silêncio sobre a morte de Marulanda ontem à noite. Ele disse que "não se alegra" com a morte do guerrilheiro e lamentou não ter podido se reunir com ele para "negociar um acordo humanitário" sobre a libertação dos reféns das Farc.
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