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Banda larga é o desafio da Netflix no Brasil

A companhia norte-americana Netflix anunciou nesta segunda-feira, 05/09, sua entrada oficial no Brasil, oferecendo serviços de transmissão de filmes e programas de televisão pela Internet.

A empresa comunicou ainda planos para entrada em 42 países da América Latina, dos quais Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia nesta semana. A companhia acertou contratos de licenciamento de conteúdo no Brasil com grandes estúdios como Sony Pictures e Paramount. No país, anuncia acerto com a TV Bandeirantes.

A Netflix, que iniciou seus serviços cobrando taxa de 14,99 reais por mês, vai competir com uma série de rivais como a NetMovies, que cobra a partir de 9,99 reais mensais, e serviços de operadoras de TV paga como a Net, com o NOW.

O serviço já opera nos EUA desde 1997, onde começou oferecendo a locação de DVDs pelo correio, com preços baixos e sem multa por atraso na devolução, e se tornou extremamente popular, possuindo atualmente 25 milhões de assinantes nos EUA e Canadá. No Brasil, operará apenas com o modelo de streaming.

Segundo o co-fundador e presidente da Netflix, Reed Hastings, a operação brasileira é o "primeiro grande negócio internacional", da companhia. Na semana passada, o executivo deixou claro que a principal barreira para o sucesso da empresa na região latino-americana, inclusive no Brasil, é a qualidade da banda larga disponível e a baixa penetração do serviço nos domícilios.

 

TV convencional perde espaço para vídeo sob demanda, indica estudo

Embora a televisão tradicional continue sendo a forma mais comum de assistir a vídeos, os serviços sob demanda começam a ganhar importância, mostra estudo divulgado hoje pela Ericsson.

O levantamento, feito em 13 países, aponta que 33% dos telespectadores assistem a programas de televisão sob demanda mais de uma vez por semana. Em 2010, essa fatia era de 30%. Também aumentou (de 23% para 25%) a parcela dos que, pelo menos um dia por semana, vêm vídeos contratados sob demanda, enquanto subiu de 26% para 29% o número de entrevistados que afirmam ter baixado vídeos da internet.

A televisão convencional, transmitida via radiodifusão, continua sendo a forma mais popular: 84% dos entrevistados dizem que assistem à grade de programação das emissoras ao menos uma vez a cada semana. No entanto, essa parcela recuou sensivelmente. Era de 88% no estudo feito em 2010.

“O vídeo sob demanda está ganhando espaço rapidamente. Os resultados ultrapassaram nossas expectativas”, afirma Luciana Gontijo, chefe do ConsumerLab da Ericsson na América Latina. Segundo ela, não há dados individuais sobre o Brasil, mas um estudo específico sobre o país está sendo elaborado e deve ficar pronto em outubro.

Na pesquisa, foram ouvidos 13 mil pessoas nos seguintes mercados: Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Reino Unido, Rússia, Suécia e Taiwan. Também foram feitas 22 entrevistas qualitativas na Alemanha.

No Brasil, foram feitas mil entrevistas, nas quais a empresa ouviu telespectadores das classes A, B e C que vivem nos grandes centros urbanos e têm idade entre 18 e 65 anos. Portanto, o estudo não é um retrato fiel da população brasileira.

A Ericsson também detectou que mais de 40% dos telespectadores desses países têm o hábito de navegar pelas redes sociais ao mesmo tempo em que veem TV.

Na avaliação de Luciana, esse é um fenômeno importante. A internet possibilita que o espectador envie seu próprio conteúdo e se manifeste. “Há mais liberdade de expressão, mas por meio das mídias sociais a audiência também impõe limites e critica instantaneamente a programação quando não gosta de alguma coisa”, afirma.

Pesquisador diz que dispositivos móveis superam a TV como mídia mais importante

Apenas 4% a 5% das pessoas que usam PCs hoje precisam realmente deles. Para as demais, os computadores serão gradualmente substituídos por dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Esta é uma das tendências apontadas pelo pesquisador Jeff Cole, da UCLA e da USC Annenberg School of Communication & Journalism.

Cole coordena a pesquisa World Internet Project, que há 11 anos coleta informações sobre os hábitos de consumo de mídia de pessoas em 34 países, seguindo em média 2 mil pessoas em cada país.

Ele disse a esta reportagem que nos últimos dois anos os dispositivos móveis vêm superando a TV como mídia mais importante para as pessoas. "O celular está passando do segundo ao primeiro lugar entre os dispositivos que as pessoas julgam mais relevantes", conta.

Os tablets, diz, têm diversas vantagens em relação ao PC, como o tempo de boot, a curva de aprendizado ("pense em quanto tempo você precisa para ensinar sua avó a usar o computador", brinca) e a interface. "O mouse vai desaparecer", prevê.

Redes sociais

Cole conta que previu o declínio do MySpace com um ano de antecedência. "Redes sociais são como night clubs, quando começam a ficar muito populares, os descolados caem fora. Além disso, você não quer ir a um lugar onde sua mãe também esteja", diz.

Perguntado se isso também se aplica ao Facebook, Cole diz acreditar que a rede social ainda crescerá por alguns anos, quatro ou cinco, mas também declinará. "A tendência são as redes sociais fragmentadas, especializadas", diz. "O Google+ é uma amostra do que será esta tendência"

Provedores de internet investem em TV a cabo

A abertura do mercado de TV a cabo, autorizada no ano passado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e regulamentada em junho deste ano, já movimenta pequenos provedores de internet nas cidades do interior do País. Com a expectativa de que novas outorgas para a prestação do serviço serão concedidas até o fim do ano, esses empresários começaram a substituir a banda larga via rádio por redes de fibra óptica, que têm capacidade de fornecer internet, telefonia e serviços pagos de TV.

Neste ano, pela primeira vez, as associações que reúnem os pequenos provedores participarão do evento anual da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), que será realizado entre os dias 9 e 11 de agosto em São Paulo. Os empresários dividirão o estande com a Telebrás. "Esse é o momento claro de se aproximar desses empreendedores, porque eles terão papel muito importante nos próximos anos", diz Alexandre Annenberg, presidente da entidade.

Com as mudanças feitas pela Anatel, os provedores podem conseguir uma licença pelo valor fixo de R$ 9 mil. Antes, as autorizações eram concedidas apenas por meio de um leilão – o último ocorreu há uma década.

Dos 3 mil provedores de internet espalhados pelo País, 2,5 mil têm licença para oferecer serviços de comunicação multimídia. Alguns deles, já operam em telefonia, mas querem transmitir também conteúdo para TV. "O mercado depende de pacotes", diz Marcelo Siena, presidente do Conselho Nacional das Entidades de Provedores de Serviços de Internet (Conapsi). "Só com internet, o provedor fica em desvantagem competitiva."

Jornais brasileiros lançarão loja digital unificada

Atualmente, a distribuição das versões digitais para tablets dos grandes jornais do Brasil acontece separadamente, dentro do aplicativo móvel desenvolvido por cada um desses diários. E se fosse criada uma espécie de banca de jornais virtual, dentro da qual fosse possível encontrar as edições digitais de O Globo, Estadão, Folha, Lance etc? Essa ideia está em discussão no âmbito do Comitê de Estratégia Digital da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a expectativa é de que se torne realidade até o fim do ano. "É melhor vendermos juntos do que separados. A união faz a força", explica o vice-presidente da diretoria de circulação da ANJ e presidente do grupo Lance!, Walter Mattos Jr. Será também uma maneira de não depender exclusivamente da App Store da Apple para as vendas digitais no iPad, que retém 30% da receita.

Serão criados uma marca para essa loja digital unificada e um website, que servirá como ponto de acesso para os dispositivos móveis. A receita publicitária oriunda dos banners nesse ambiente será compartilhada. Tecnicamente, será possível também oferecer pacotes com assinaturas ou exemplares avulsos de jornais de grupos editoriais diferentes. Os membros da ANJ que aderirem à iniciativa definirão em conjunto regras de governança para esse ambiente virtual.

Ainda não foi escolhida a empresa que cuidará do desenvolvimento da loja. Um dos requisitos é que a plataforma consiga dialogar com os sistemas dos jornais e os aplicativos móveis já lançados, independentemente da tecnologia utilizada. Não está descartada uma parceria eventual com revistas mensais e semanais.

Análise

Os jornais brasileiros não serão os primeiros a se unirem no mundo digital. Experiências similares estão em andamento na Espanha e na França. "Os jornais acreditam que é preciso articular os esforços para se beneficiarem mutuamente neste momento em que se valoriza cada vez mais o conteúdo digital, principalmente através de tablets, mas também de smartphones e laptops", explica Mattos Jr.

Em uma época em que Apple e Google dão as cartas no jogo mundial de conteúdo móvel, se torna cada vez mais importantes iniciativas como essa da ANJ, unindo um setor em prol de seus interesses comuns. Os primeiros efeitos dessa iniciativa serão sentidos quando os jornais forem negociar em conjunto a inclusão dessa loja unificada em novos tablets, em vez das conversas em separado que são travadas atualmente com os fabricantes.

 

Vale lembrar que algumas das grandes editoras de livros do Brasil (Record, Rocco, Planeta, Sextante, Objetiva e outras) seguiram um caminho parecido ao criar a DLD, uma distribuidora unificada de livros digitais.