Independência editorial
A jornalista credita sua demissão a uma possível pressão da Febraban – ela mencionou o Bradesco como patrocinador do Jornal da Cultura, mas o departamento de comunicação da emissora informou que o patrocínio vem do Banco Real. "Não sei o que a elite e o poder esperam dos jornalistas. Ou todos os jornais estão vendidos ou não sei o que está se passando. Não há qualidade, nada que dê respaldo a crítica. Está complicado trabalhar. A independência editorial que eu aprendi a fazer com o Boris [Casoy] por 12 anos, a crítica, a conscientização, nada disso é feito. Estou perdida no mercado. Preciso ir para a Argentina", disse, lembrando também de sua saída da Record com Casoy em dezembro de 2005 – críticas do jornalista ao governo Lula teriam colaborado para sua demissão da Record.
À procura de trabalho
Até o momento não apareceu nenhuma proposta de trabalho para Salete. Mas ela colaborou com o último programa da Hebe, no SBT, ao responder perguntas do público sobre decisões do governo que afetam o bolso dos consumidores. "Da primeira vez que fui ao programa, Hebe disse por três vezes que vou trabalhar com ela. Três dias depois a produção dela me ligou convidando para fazer essa participação. Recebi um cachê, mas não tenho nada assinado com o SBT. Mas sempre que ela me chamar, estarei lá".
Críticas a Markun
Quando apresentava o Jornal da Cultura, a estrutura era reduzida. Eram cinco editores produzindo o conteúdo do telejornal. "O jornal dava três pontos no Ibope. Nunca nos deixamos abater pela pouca estrutura da emissora". Ela critica Paulo Markun, presidente da Cultura, dizendo que não entende a gestão do colega de trabalho. "Ele mudou tudo, demitiu todos os jornalistas da rádio, outros da TV. Hoje o Jornal da Cultura está totalmente descaracterizado".
Markun, no lançamento do DocTV Iberoamérica, comentou que o jornalismo da emissora passa por uma reformulação para aumentar o espaço para análises e debate, "e a Salete foi dispensada dentro deste projeto, que envolverá uma série de modificações. Nem li essa notícia". Questionado se o projeto envolve mais demissões, o jornalista respondeu com um "Não sei".
Febraban e TV Cultura
O superintendente de comunicação da Febraban, William Salasar, confirma que procurou Salete pedindo que se retratasse. Ele nega qualquer pressão na TV Cultura pedindo a demissão da apresentadora. "Ela falou de apropriação indébita, fez calúnias. No caso do Plano Bresser, a questão nem foi julgada e ela já condenou os bancos, o que não é jornalisticamente correto", respondeu.
Salasar conta que Salete concordou em incluir na pauta uma entrevista com um porta-voz da Febraban quando voltasse de férias, o que não aconteceu. "Ficamos sem matéria", lamenta. "A rescisão de contrato da Fundação Padre Anchieta com Salete Lemos não teve relação com nenhum comentário que a jornalista tenha feito na apresentação do Jornal", limitou-se a dizer a Comunicação da Cultura.
Comunique-se.