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130 mil receptores devem ser vendidos este ano

Cerca de 15 empresas fabricam receptores de TV digital no Brasil, entre receptores 1-SEG, set-top boxes, televisores e telefones celulares. Segundo a Eletros, entre 60 e 70 mil receptores de televisão full-SEG (recepção fixa) foram vendidos no País dede a implantação da TV digital, em dezembro de 2007. O número foi apresentado por Carlos Goya, da Eletros, no último dia do Congresso da SET, nesta sexta, 29.

Benjamin Sicsú, da Samsung, apresentou uma projeção de mercado para 2008. Segundo ele, este ano serão vendidos 80 mil televisores com recepção digital embutida, 60 mil set-top boxes, 150 mil receptores 1-SEG (portáteis e móveis) e 140 mil celulares com TV digital embutida. Sicsú diz que as vendas no Brasil crescem, desde abril deste ano, 20% ao mês, o que estaria acima do esperado. Goya concorda. Segundo ele, as vendas estão acima das expectativas da Eletros.

Escala

Para a Eletros, o ganho de escala pode ser mais rápido se o sinal digital for disponibilizado mais rapidamente em outras cidades. Além disso, a desoneração fiscal também ajudaria a derrubar os preços dos equipamentos. Por fim, Goya apontou a necessidade de campanhas educativas, que deveriam ser uma ação conjunta entre emissoras, governo e indústria. "O consumidor está muito confuso", disse Carlos Goya. Segundo ele, tal confusão se deu com declarações do tipo "não compre agora porque o preço do set-top box vai cair". Vale lembrar, esta declaração é do ministro Hélio Costa, no momento do lançamento das transmissões digitais.

Sicsú também aponta a necessidade de campanhas. "O governo precisa divulgar mais a TV digital", disse. Segundo o executivo da Samsung, atualmente só é possível vender receptores por menos de R$ 500 se o fabricante não amortizar o custo de pesquisa e desenvolvimento, se houver redução de impostos, ou se governo ajudar a negociar com o varejo, "como fez com os equipamentos de informática". "É um setor extremamente competitivo. O que houver de incentivo, será repassado ao consumidor", disse.

Sicsú pregou ainda a obrigatoriedade de inclusão de receptores nos televisores. Segundo ele, o aumento de custo fica entre 10% e 15%, o que poderia ser bancado por um incentivo tributário.

Celulares

Por fim, Benjamin Sicsú afirmou que a Samsung lançará, até o fim deste ano, um novo modelo de telefone celular com recepção de TV digital móvel integrado. O novo modelo, diz, será mais popular do que o existente no mercado. Ao longo de 2009, afirma, deve haver uma linha completa de celulares com recepção 1-SEG.

Distribuição de HDTV via satélite divide redes e afiliadas

"Não inventamos nada, apenas repetimos o que já existe na transmissão analógica". Foi assim que o presidente da RedeTV! e da Abra, Amilcare Dallevo, referiu-se ao HDSat Brasil, nome dado ao sistema de transmissão de TV digital em alta definição por satélite de banda C adotado, atualmente, por sua emissora e pela Band. O executivo participou de painel na última sexta-feira (29), no Congresso da SET.

Mas a questão não é tão simples. Outras emissoras como SBT e Globo hesitam em aderir ao sistema, sob pena de "concorrer" com suas afiliadas Brasil afora. Uma afiliada da própria RedeTV! ouvida por este noticiário definiu o sistema como um "tiro no pé".

Isto porque, pelo HDSat, além da contribuição da cabeça-de-rede às afiliadas em alta definição, qualquer pessoa pode receber os sinais HD diretamente do satélite, usando um receptor digital, mesmo antes de sua cidade ganhar cobertura de TV digital terrestre. O satélite é o C2, que ocupa a antiga posição orbital do B1, para a qual apontam as cerca de 20 milhões de parabólicas de banda C do país.

Frederico Nogueira, vice-presidente da Band, também defendeu o sistema no painel, e definiu as críticas como "fofoca". "Satélite é o verdadeiro serviço que unifica o Brasil", disse. "Todos têm o direito de receber a TV digital. Não estamos fazendo para criar problema para as afiliadas. Pelo nosso acordo com a Net, por exemplo (que pega o sinal de alta definição do HDSat para seu serviço HD fora de São Paulo), eles usam o sinal de São Paulo só até ter HD naquela cidade. Depois, eles têm que trocar pelo sinal local", explicou Nogueira.

Ele disse ainda que uma grande campanha nacional deve ser veiculada em breve, apenas para os usuários da banda C, promovendo o sistema.

Receptores

A chave para o serviço HDSat Brasil é o receptor. Hoje, a Century e a Zinwell vendem receptores satelitais digitais com alta definição (H.264). A proposta dos radiodifusores é a criação de um receptor híbrido satélite/terrestre, que identificaria a origem do sinal e faria o chaveamento automático entre as duas plataformas. Ou seja, um receptor que pega o sinal terrestre (local) onde estiver disponível, e muda para o satélite se o canal local não existir.

Os fabricantes consultados por este noticiário afirmam que estão construindo este receptor, que deve chegar logo ao mercado. Jackson Sosa, da RF Telavo, diz que houve três reuniões na Suframa sobre o assunto e que já existem 13 PPBs (Processo Produtivo Básico) aprovados para a fabricação dos receptores em Manaus. Segundo ele, o receptor será mais barato que o que recebe apenas o satélite, e portanto será o modelo dominante.

A entrada de outras emissoras no HDSat Brasil depende muito deste receptor, pois seria o único modo de não afetar a rede afiliada. O SBT pode entrar no sistema caso a caixa híbrida predomine.

Uma curiosidade: o projeto do sistema, como apresentado por Alfonso Aurin, da Speedcast, que desenvolveu a tecnologia, prevê a existência de um CAS (acesso condicionado). Perguntado por este noticiário, Dallevo, da RedeTV!, negou que haja qualquer intenção de em algum momento fazer um serviço pago com os sinais HD.

Fabricantes são o ponto de resistência ao selo Ginga

O mercado de TV Digital vive dias agitados no Brasil. O momento é de definição. Para os fornecedores de tecnologia presentes ao SET 2008, evento que acontece na capital paulista, a interatividade via o middleware nacional deverá chegar ao consumidor bem antes dos dois outros pilares do sistema SBTVD: A mobilidade e a multiprogramação. O Fórum Nacional de TV Digital tenta um consenso para viabilizar o Ginga 1.0 o quanto antes.

Conforme revela a jornalista Cristina de Luca, na sua coluna Circuito, numa entrevista feita com o presidente do Fórum Nacional de TV Digital, Roberto Franco, também diretor de Tecnologia do SBT, a entidade trabalha para criar um selo para os conversores com conformidade Ginga.

Os fabricantes – do elo da cadeia ligada à tecnologia – são os mais resistentes à idéia, mas já há também quem acredite que essa possa vir a ser a solução para ampliar o espaço da TV Digital no Brasil.

Cobrança, aliás, feita pela primeira vez pelo ministro Hélio Costa aos Radiodifusores, ao participar do evento. Costa criticou o fato de as emissoras e os fabricantes não estarem fazendo o esforço necessário para massificar o novo sistema nacional de TV.

"A interatividade é um atrativo relevante. E os radiodifusores já perceberam isso. Pouquíssimos brasileiros têm hoje um televisor capaz de oferecer alta definição de imagem, mesmo que o conversor tenha saída HDMI", explica Luiz Eduardo Leite, sócio da Mopa, uma das desenvolvedoras do Ginga no país.

A multiprogramação não é de interesse das próprias emissoras – posição, inclusive, foi defendida pelo diretor de engenharia da Globo, Fernando Bittencourt, em evento realizado na semana passada no Rio de Janeiro. O executivo deixou claro que a multiprogramação é "cara e complexa neste momento".

Na prática, as emissoras preferem oferecer melhor qualidade de som e de imagem ao telespectador. No caso da Imagem, só possível na transmissão H264 a 13,7Mbps. "Acredito que a multiprogramação seja mais importante para as empresas públicas" argumenta Roberto Franco.

"Mas mesmo a BBC já viu que será preciso aliar alta definição à interatividade. E esse modelo misto limita o uso do espectro", completou o presidente do Fórum Nacional de TV Digital. Já a mobilidade,apesar da especificação disponível, desperta pouco interesse dos fabricantes, pelo menos, neste momento.


Ministro culpa emissoras pela expansão lenta da TV digital

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, foi enfático em discurso na manhã desta quarta (27/8), em São Paulo: “Não estou vendo a TV aberta brasileira vender TV digital. Há seis meses não vejo um anúncio sequer da TV digital. Esta responsabilidade as redes têm de assumir”, disse o ministro a uma platéia formada por autoridades governamentais e executivos da indústria brasileira de televisão.

A bronca aos radiodifusores aconteceu na abertura do Congresso da SET (Soc. De Engenharia de Televisão), que ocorre paralelamente à feira de equipamentos da indústria, a Broadcasting & Cable 2008, que acontece no Centro de Exposições Imigrantes e que vai até sexta-feira (29/8). Na exposição, a TV digital é predominante: os demonstrativos do software Ginga e seus aplicativos já desenvolvidos, equipamentos de captação, transmissão e exibição de TV digital aberta são as vedetes.

Hélio Costa chamou a atenção de que a indústria já tem set-top boxes a preços acessíveis, mas que ele não viu as filas se formarem nas lojas. “Vocês têm de estar preocupados com isto: no ano passado, já foram vendidos mais computadores do que televisores. Na TV por assinatura, o número de assinantes cresce, mas não ganha audiência, porque aumenta o número de pessoas que assinam para acessar a Internet”, continuou o ministro. As associações de radiodifusores Abert e Abra estavam presentes, além do presidente da SET, Roberto Franco (SBT), e da vice-presidente, Liliana Nakonechnyj (Globo).

Completaram a mesa representante da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, o secretário André Barbosa (Casa Civil), um representante dos radiodifusores do Japão (país proprietário do sistema ISDB, adotado pelo Brasil na TV digital aberta terrestre) e o secretário de comunicações da Argentina – país que o governo brasileiro espera adotar o mesmo padrão que o nosso.

Abert

Após o evento, ouvido por Meio &Mensagem Online, Daniel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), concordou com a colocação de Hélio Costa: “Nosso entendimento é que a ponderação do ministro é pertinente. Num primeiro momento, as redes estiveram muito ocupadas com a implantação do sistema, o que ainda está em andamento, e será necessário o Fórum Brasileiro da TV Digital (entidade criada para a implantação do sistema no Brasil envolvendo toda a indústria e redes) também trabalhar junto nessa nova etapa da divulgação.”

Sistemas anticópias recebem duras críticas em audiência

Ao tratar de vários aspectos sobre o serviço de radiodifusão de sons e imagens – a velha conhecida televisão aberta – na tecnologia digital, o Projeto de Lei 6.915/2006, de autoria do deputado Eduardo Sciarra (PFL-PR), introduziu uma proposta polêmica: o uso de restrições tecnológicas à produção de cópias dos programas transmitidos neste meio de comunicação. A forte divisão de opiniões a respeito da inclusão destes recursos nos aparelhos de recepção ou mesmo na transmissão dos sinais ficou patente na audiência pública realizada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (8/7).

Radiodifusores e representantes de grandes estúdios de cinema saíram em defesa da proposta. Sua última versão, definida na redação do substitutivo do relator deputado José Rocha (PR-BA), proíbe que o usuário faça mais de uma cópia em resolução superior àquela utilizada na tecnologia analógica.

Roberto Franco, do Fórum SBTVD – espaço que congrega radiodifusores e fabricantes para discutir a implantação da TV digital no país –, apresentou uma proposta de atualização segundo a qual não seria permitida mais de uma cópia em alta definição (HDTV). A nova redação apresentada pelo Fórum prevê a possibilidade da segunda reprodução e das seguintes serem feitas em outras resoluções superiores àquela usada na tecnologia analógica, como SDTV e EDTV.

A defesa das restrições tecnológicas baseou-se principalmente no argumento da proteção aos direitos autorais. Segundo os defensores da medida, a ausência deste tipo de restrição facilita a pirataria dos conteúdos veiculados. “Nunca houve tanta produção cultural por tantas mídias diferentes. É óbvio que alguma proteção tem que existir. O mundo caminha para uma maior proteção dos particulares”, defendeu o consultor jurídico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), José Carlos Muller.

Outro argumento utilizado foi o risco de fornecedores de filmes e programas esportivos deixarem de vender suas atrações aos radiodifusores brasileiros. “A possibilidade de pirataria faz com que detentor do direito tenha cada vez menos interesse em lançar seus produtos”, sugeriu Márcio Gonçalves, diretor regional antipirataria da Motion Pictures Association, rede que congrega os principais estúdios de Hollywood.

Críticas

Já os acadêmicos e o coordenador de Direitos Autorais do Ministério da Cultura apresentaram repertório grande de contra-argumentações e críticas à proposta. Para Ronaldo Lemos, professor de Direito especializado na área de direito autoral, o mecanismo não tem eficácia alguma no combate à pirataria. “A indústria passou sete anos desenvolvendo sistema anticópia para o DVD que foi quebrado por um garoto de 16 anos na Noruega. O sistema HDCP [que seria utilizado caso o projeto seja aprovado] também já foi quebrado”, afirmou.

Segundo o professor de Ciências da Computação da Universidade de Brasília Pedro Rezende, este tipo de limitação já não é mais utilizada no setor de software pela sua incapacidade de coibir a reprodução ilegal com fins lucrativos. Se não serve a este propósito, acrescentou Lemos, a proposta acaba atingindo apenas o cidadão comum, tutelando o uso da televisão e da cópia de conteúdos feito por este. “Parte-se do pressuposto de que todo usuário doméstico irá cometer ato ilícito e transfere-se o poder de polícia ao organismo [de regulação] de radiodifusão”, disse Marcos Souza, coordenador de Direitos Autorais do Ministério da Cultura.

Estela Guerrini, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), questionou, por estas razões, a constitucionalidade do texto. “O espírito das restrições na TV digital fere a Constituição uma vez que a Carta Magna diz que a radiodifusão deve ser livre e gratuita, assim como o Decreto 4901/2003, que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital.”

Mais um desencontro com a norma que instituiu a política de implantação da TV digital no Brasil seria a limitação, no lugar da promoção, da convergência tecnológica, uma vez que a proibição de cópia para outros dispositivos iria contra a confluência da circulação de conteúdos em diversos terminais. E outro, apresentado pelo professor Ronaldo Lemos, seria o enfraquecimento da indústria nacional, e não seu fortalecimento como estabelece o decreto. A inserção de mecanismos anticópias nos conversores e aparelhos produzidos no país geraria uma corrida em direção a aparelhos importados sem este tipo de restrições.

Sobre o argumento de que produtores de conteúdos ou espetáculos como a Fifa, no caso de jogos de futebol, ou os grandes estúdios, no caso dos filmes, se desinteressariam em veicular seus conteúdos para o Brasil, Marcos Souza lembra que interesses privados não devem reger a definição da legislação. “A motivação de manter contratos com a MPA [Motion Pictures Association] e a FIFA não é justificável, por que se trata de contratos entre entes privados, e portanto não podem impor regras a um país soberano”, comentou. O representante do MinC relatou que o governo pediu à Fifa amostra de contratos e as cláusulas referentes e este tipo de acordo para transmissão em sistemas digitais não continham qualquer menção a alterações tecnológicas.

Nem meio termo

A proposta apresentada pelo Fórum SBTVD de permitir apenas uma cópia em alta definição também foi criticada pelos presentes, uma vez que isso significaria implementar o sistema de restrições por inteiro, permitindo que a proibição total às cópias seja criada posteriormente. Sobre a alegação de que seria possível copiar qualquer quantidade em resoluções abaixo da alta, Lemos lembrou que o processo de evolução da qualidade de imagem tem sido acelerado nos últimos anos. “A alta resolução de hoje é a baixa definição de amanhã.”

Para Marcos Souza, a nova proposta do Fórum para não perder tudo acaba evidenciando a fragilidade da iniciativa de inserção deste tipo de mecanismo já que, ao permitir a cópia em definição de DVD, ela não ataca o problema da pirataria já que é esta a resolução utilizada na reprodução ilegal de filmes. “Não há anda em camelôs que tenha definição maior do que a de DVD, então como vai se proteger da pirataria?”, indagou. Por último, o representante do MinC defendeu que o relator retirasse o mecanismo do PL alegando falta de apoio a este tipo de medida. “Não há consenso sobre restrições tecnológicas no mundo. Não é verdade que é tendência mundial. E mais: não há consenso no âmbito do próprio Executivo”, informou Souza.

Se foram mais eloqüentes nos argumentos, os críticos da proposta ainda buscam transformar a qualidade retórica em força política. Pois, mais uma vez, o peso econômico e político dos radiodifusores, agora aliados aos grandes estúdios de Hollywood, se faz sentir no Congresso Nacional. Resta saber se, em uma questão controversa como esta, agentes farão valer seus interesses novamente no Parlamento.