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Para fornecedores, balanço do primeiro ano de implantação é positivo

Após um ano do início das transmissões digitais em São Paulo, a expectativa divulgada pela indústria é de totalizar, até o final de 2008, a venda de 300 mil a 470 mil aparelhos capazes de receber o sinal digital. O número apurado junto à Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) nesta terça-feira (2), é de 470 mil.

A associação considera a expectativa de venda de 100 a 120 mil conversores, 90 mil aparelhos de televisão com receptor embutido, 180 mil celulares com TV digital e 100 mil receptores portáteis. Contudo, há uma divergência. O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) vem trabalhando com números bem inferiores. Há cerca de um mês, Moris Arditti, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Gradiente, membro da Eletros e da diretoria do Fórum SBTVD, apresentou na Futurecom expectativas mais conservadoras. Segundo ele, a base instalada de televisores digitais até o final do ano deve chegar a 150 mil receptores fixos (entre STBs e TVs com recepção embutida) e 150 mil receptores móveis (incluindo celulares com recepção de TV integrada).

Para o diretor de tecnologia da Philips do Brasil, Walter Duran, o número de televisores habilitados para receber o sinal digital ficou dentro das expectativas. "É preciso considerar que durante boa parte do ano, essa venda aconteceu apenas para uma capital, onde o sinal estava disponível", diz. Ele acredita que o mercado será criado gradativamente, e que, assim como a TV em cores, que só emplacou com o aumento do número de programas transmitidos em cores, seu crescimento depende também da disponibilidade de conteúdo. "Acho também que é necessário haver investimento na divulgação do produto. As pessoas precisam ter informação sobre a TV digital", afirma.

Ano bom

Para o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Samsung para a América Latina, Benjamim Sicsú,o primeiro ano foi muito positivo, se comparado com o período inicial de transição para TV digital em outros países. O executivo lembra que o Brasil adotou um padrão que trazia inovações que não foram testadas nos outros países: o MPEG-4 e o áudio AC3. Mesmo assim, a indústria nacional conseguiu lançar produtos funcionais. Além disso, Sicsú comemora o fato de a maioria dos fabricantes ter lançado famílias de equipamentos. "Em 2009, essas famílias devem ser ainda mais completas, com 14 ou 15 modelos de receptores por fabricante", aposta.

É justamente a oferta de famílias mais completas que deve trazer diferentes públicos para a nova tecnologia, ajudando, assim, a gerar escala e reduzir os preços. Contudo, diz Sicsú, a variação cambial pode anular a redução de preços com o ganho de escala. Por enquanto, ainda há queda de preços. A escala mundial de telas de LCD e plasma ajuda o país, acredita o executivo da Samsung.

Consumo

A Eletros também estima que, até o final do ano, tenham sido vendidos de 9 milhões a 9,5 milhões de aparelhos de televisão no país. Destes, 2,5 milhões devem ser de tela plana (plasma ou LCD).

A tendência da substituição de televisores de tubo por outros de tela plana foi constatada também na pesquisa do Instituto Ipsos para a Philips do Brasil. Segundo o levantamento, a TV de tela plana já está presente em 19% dos lares das classes A e B+. Quando perguntados sobre a intenção de compra de eletrônicos, 45% dos respondentes disseram que têm o propósito de adquirir uma TV de tela fina. A pesquisa ouviu 400 consumidores paulistanos e cariocas das classes AB+.

Já o estudo qualitativo, realizado pela Voltage, mostrou que a característica mais desejada pelos consumidores quando o assunto é televisão é a interatividade, o que agrega características como conectividade e convergência. O desejo de ter comunicação via TV e que o aparelho se torne a central de entretenimento da casa também foram alguns dos principais resultados apontados pelo estudo, que foi realizado na cidade de São Paulo, com 20 homens e mulheres da classe A, de 20 a 40 anos.


No primeiro ano, sinal digital chega para apenas 0,5% da população

Terceiro grande marco da história da televisão brasileira, depois de sua inauguração em 1950 e da TV em Cores, em 1972, a TV Digital completa um ano de vida no Brasil nesta terça-feira, 2. Até o momento, somente 0,5% da população tem acesso a essa tecnologia.

Apontada por especialistas como o pilar de uma nova transmissão, inteligente e mais próxima do telespectador, a ferramenta deve chegar apenas no próximo semestre às casas brasileiras, despedindo-se de 2008 com praticamente o mesmo grau de interatividade com que começou o ano. Isso conforme uma perspectiva otimista, feita por Roberto Franco, presidente do Fórum da TV Digital, órgão que congrega radiodifusores, indústria, academia e governo. "Considero que está próximo. Com certeza, chega no ano que vem", afirma Franco.

Carlos Fructuoso, que também integra o Fórum e é participante da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, acrescenta que "a penetração no Brasil está bem superior ao primeiro ano dos Estados Unidos". Vale lembrar que a transição do sistema analógico para o digital nos EUA deverá ser completa em fevereiro próximo, dois anos após o início oficial da implantação do novo padrão.

De acordo com estimativas da Eletros, associação que representa a indústria de eletrônicos, em 2008 foram vendidos 470 mil aparelhos aptos a receber o sinal digital – entre set-top boxes, televisores com conversor embutido, celulares e conversores portáteis. A cifra atinge cerca de 907 mil brasileiros, se considerarmos que cada televisor é usado por três a quatro pessoas da mesma casa. O número ainda é pequeno, já que em um universo de 183 milhões de habitantes, 94,8% dos domicílios no país possuem televisão (segundo projeção do IBGE em 2007).

Até hoje, apenas oito cidades inauguraram o sinal digital: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Manaus e Salvador. Florianópolis já está em funcionamento pouco mais de um mês antes da previsão inicial, mas a inauguração em 26 de novembro foi adiada por conta das fortes chuvas em Santa Catarina.

Aprovado projeto que cria regras para TVs públicas se digitalizarem

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTI) da Câmara dos Deputados aprovou, na tarde desta quarta-feira (29), um projeto que organiza a entrada das TVs públicas nos canais do sistema digital de radiodifusão. O projeto 277/2007, do deputado Inocêncio Oliveira (PR/PE), teve substitutivo favorável do deputado Jorge Bittar (PT/RJ), que acrescentou outros detalhes à proposta.

O texto que seguirá agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) define claramente a faixa de canais que deverão ser designadas, com exclusividade, às TVs do Judiciário, do Legislativo e do Executivo. Ao todo são oito canais, que vão do 60 ao 67 do UHF, e devem atender os canais do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do Supremo Tribunal Federal, do Poder Executivo, da Radiodifusão Pública, da Educação, da Cultura e da Cidadania. Esta designação de canais deve ser gratuita.

O relator acrescentou ao projeto a possibilidade de veiculação das programações das Assembléias Legislativas estaduais, da Câmara Legislativa do DF e das Câmaras de Vereadores nos canais destinados ao Poder Legislativo. Para poder transmitir sua programação, estas instâncias do legislativo deverão dividir custos de manutenção do canal com o Senado e com a Câmara.

Os canais escolhidos para a veiculação dos canais públicos digitais, no entanto, têm enfrentado problemas de interferência. Como o espectro está bastante congestionado, especialmente em São Paulo, canais já em uso dentro dessa faixa estão enfrentando dificuldades na transmissão. É o caso do canal 69. A TV Brasil, que usa o canal, vem reclamando de interferências em sua programação. Bittar disse hoje que o substitutivo aprovado foi amplamente discutido com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), especialmente em relação ás questões técnicas. A própria agência tem trabalhado na reorganização das faixas já atribuídas em São Paulo para poder acomodar os canais digitais sem o problema de interferência.

TV Câmara inicia transmissão digital em São Paulo

A TV Câmara e a TV Assembléia de São Paulo inauguraram hoje (20) a transmissão digital, em caráter experimental, na cidade de São Paulo. O canal é a primeira experiência em multiprogramação oferecida por dois geradores de conteúdo diferentes. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, afirmou, na solenidade de lançamento, realizada na sede da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, até 2014, a TV Câmara digital estará disponível em todas as cidades com mais de 100 mil habitantes. A previsão, segundo ele, é que, as câmaras municipais de todas as capitais tenham acesso ao sinal digital da TV Câmara até 2010.

Chinaglia e o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima, assinaram termo de cooperação entre as duas Casas para oficializar o compartilhamento do canal. A programação estará disponível, gratuitamente, no canal 61 em UHF.

Acesso à informação

O presidente da Câmara afirmou, em seu pronunciamento, que a iniciativa é uma contribuição das duas casas para ampliar os mecanismos de acesso à informação. Ele lembrou que a TV digital vai permitir que o cidadão interfira na programação da emissora, ampliando o intercâmbio entre quem produz as notícias e o telespectador. A interatividade com o cidadão, na avaliação de Chinaglia, ajudará na definição das prioridades do trabalho legislativo. "É com o diálogo, com a troca de idéias e até com o enfrentamento de idéias que construímos uma sociedade democrática".

Transparência

O deputado estadual Vaz de Lima destacou a importância do canal e da parceria com a Câmara dos Deputados para assegurar transparência ao trabalho legislativo. Em sua visão, o sinal aberto é "um extraordinário avanço" e democratizará o acesso às informações sobre a Assembléia de São Paulo e a Câmara, hoje disponíveis quase exclusivamente para assinantes de TV a cabo.

O 1º vice-presidente da Câmara, Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), que também participou do evento, afirmou que o sinal digital vai inaugurar uma nova relação do cidadão com o Parlamento, estimulando a participação e contribuindo para reduzir imagens distorcidas sobre o trabalho legislativo. "Estamos dando informação à população para que ela faça um julgamento criterioso das atividades legislativas", disse o vice-presidente.

Fase experimental

Para ter acesso ao sinal digital, o telespectador precisa dispor de uma antena UHF e de um conversor. A transmissão experimental não atingirá ainda toda a cidade de São Paulo, mas marcará o início dos testes para definição da cobertura e da qualidade do sinal de cada TV legislativa. Os testes serão realizados pela equipe da Universidade Mackenzie, em parceria que também proporcionará o teste do sinal do Canal Universitário de São Paulo ainda neste ano. A expectativa é que a operação definitiva se inicie no segundo semestre de 2009.

Ministro japonês diz que expansão do ISDB na América Latina favorece indústria local

O vice-ministro das Comunicações e Assuntos Internos do Japão, Akira Terasaki disse, em entrevista coletiva, que a eventual adoção do padrão japonês de TV digital por outros países da América do Sul favorecerá o crescimento da indústria de televisores no Brasil. Terasaki esteve reunido hoje com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para discutir a expansão do sistema japonês com as inovações tecnológicas desenvolvidas no Brasil.

O vice-ministro, que está em viagem nesta semana pela América do Sul, esteve na Argentina e amanhã viaja para o Equador. Nestes países, o objetivo principal de Terasaki é explicar para representantes dos governos e de emissoras de televisão as diferenças entre os sistemas japonês e europeu.

O Japão, juntamente com o Brasil, enfrenta a competição do padrão europeu, que foi adotado recentemente pela Colômbia e pelo Uruguai. O ministro Hélio Costa tem dito que as negociações para a adoção do sistema "nipo-brasileiro" estão avançadas com a Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Bolívia e Venezuela, mas até o momento não há ainda uma decisão.

Na viagem ao Brasil, Terasaki veio acompanhado de executivos da Panasonic e da Sharp, que estão estudando possibilidades de investimentos no País. O ministro não detalhou, no entanto, quais seriam os segmentos que poderiam receber aportes.

No caso da fábrica de desenho de softwares, que integra a cadeia de semicondutores (chips), Terasaki disse que as negociações estão em andamento, mas que ele não poderia divulgar o nome da empresa que negocia com o governo brasileiro. O vice-ministro ressaltou, entretanto, que uma ampliação do mercado na América do Sul, exigiria um centro de produção na região. "O Brasil está bem colocado", afirmou.

Terasaki afirmou que no Japão, desde que foi implantado o sistema de TV digital, há quatro anos, foram vendidos 81,4 milhões de receptores, sendo metade deles celulares com TV digital, que começaram a ser oferecidos há pouco mais de dois anos. Ele acredita que nos próximos anos o mercado brasileiro de TV digital também terá um crescimento acelerado, estimulando novas possibilidades de negócios, principalmente pela TV móvel.

A mobilidade é apresentada pelos japoneses como uma vantagem sobre o padrão europeu, que, segundo o vice-ministro, enfrenta problemas de recepção em movimento. Terasaki comparou o preço do conversor (set top box) nos dois padrões. Segundo ele, o set top box no Japão custa US$ 30 dólares, com compressor de vídeo MPEG 2. Terasaki explicou que, no Brasil, com um compressor mais moderno (MPEG4) o preço sobe para US$ 100, abaixo do valor do conversor europeu, que com o mesmo sistema custaria US$ 200.

"Na hora da escolha, tem que considerar critérios técnicos", afirmou o vice-ministro. Segundo ele, o governo japonês está disposto a oferecer linhas de financiamento, cooperação tecnológica e formação de recursos humanos aos países que vierem a adotar o sistema japonês com as inovações brasileiras.

O Brasil optou em 2006 pelo padrão japonês de TV digital e as primeiras transmissões de imagens no novo sistema foram feitas em São Paulo, em dezembro do ano passado. A TV digital também já foi lançada no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia.